domingo, 16 de outubro de 2011

O Segredo da auto-ajuda - evolução e críticas de Richard Rumelt

Richard Rumelt é, sem dúvida, um dos mais reconhecidos pensadores de estratégia atuais (se quiser saber mais sobre Richard Rumelt veja em ). Recentemente escreveu o livro Estratégia Boa - Estratégia Ruim. Ele comenta em um dos capítulos sobre um executivo que queria dirigir sua empresa copiando Jack Welch, dizendo que o ex-executivo da GE recomendava "alcançar o impossível". Essa é, sem dúvida, uma forma simplista e superficial de compreender a liderança estratégica. O executivo focava-se na frase motivacional de Welch. rumelt argumenta, e com razão, a profusão de materiais de auto-ajuda e, a procura de mostrar que "pensamento positivo" é suficiente para se alcançar o que quer.
Mais que isso, apresenta a evolução desta forma de pensamento. Segundo Rumelt, o "pensamento positivo" teve sua origem nos EUA há 150 anos, a partir do individualismo protestante cristão.
O princípio da fundação do protestantismo é a ausência da necessidade de intermediários entre o indivíduo e Deus.
O 'novo pensamento' daí gerado, a partir de Mary Baker Eddy na Ciência Cristã, recomenda que pensar em sucesso leva ao sucesso e, que pensar em fracasso, leva ao fracasso. O livro Thoughts are Things de 1889, da autora Prentice Mulford serviu de base para o movimento Novo Pensamento. Este está ligado à 'lei da atração': positivo atrai positivo; negativo atrai negativo.
No início do século XX foram publicados muitos livros sobre o pensamento e sucesso. Rumelt comenta que no início do século o livro A Ciência de Ficar Rico, publicado em 1910, da autoria de Wallace Wattles, foi o mais influente. Segundo este autor, vale dizer nada científico, todas as pessoas possuem poderes divinos.
Ernest Holmes criou o movimento da Ciência Religiosa. No livro Creative Mind and Success levou o Novo Pensamento para o público amplo. Ressaltava que a pessoa bem sucedida deve ter a mente isenta de pensamentos de fracasso.
Rumelt argumenta que como movimento religioso e social, o Novo Pensamento teve seu auge na década de 1920. Em 1930, a partir deste movimento proliferaram livros e palestrantes motivacionais. Rumelt listou uma série destes livros:

Napoleon Hill - Pense e Enriqueça (1937)
Norman Vincent Peale - O Poder do Pensamento Positivo (1952)
Clement Stone - Success through positive mental attitude (1960)
Catherine Ponder - the dynamic laws of prosperity (1962)
Anthony Robbins - Desperte seu Gigante Interior (1991)
Deepak Chopra - As sete leis espirituais do sucesso (1995)
Rhond Byrn - O Segredo (2007)

Sobre este último, Rumelt coloca que o livro traz de forma idêntica o princípio original apresentado no livro de Mulford de 1889, no qual o que você pensa, você consegue. Hoje essas ideias säo chamadas de Nova Era.
Rumelt argumenta que essas ideias também influenciaram a gestão em temas como liderança e visão empresarial. Segundo Rumelt, os autores sobrevalorizavam a visão compartilhada e o papel do líder. Sem dúvida existe um exagero, mas sobretudo, em não considerar outros elementos que os complementam.
Mas o que é relamente exagerado é a quantidade de livros de auto-ajuda que acabam por influenciar indivíduos e gestores, e deixar de lado os aspectos que complementam uma liderança positiva e uma execução eficaz. Aspectos como decisões gerenciais relacionadas a estrutura, incentivos, acesso aos recursos, dentre outros, que constituem o dia-a-dia de uma organização.
Vale ressaltar que, sem dúvida, o compartilhamento, alinhamento e pactos em torno de objetivos claros é fundamental, mas não suficiente.

Este post foi elaborado tnedo como fonte
Rumelt R. ESTRATÉGIA BOA - ESTRATÉGIA RUIM. São Paulo: Elsevier 2011.

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