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A anunciada fusão entre já duas grandes Universidades – ou
sistemas, já que incluem várias IES – tem dado que falar nos mídia nacionais.
Há motivo para falatório, já que o novo mega grupo se formou um gigante no
negócio da formação com 1 milhão de alunos, em 800 faculdades e um faturamento
anual de 4,3 bilhões (segundo dados na Valor Econômico). Aparentemente será o
maior grupo educacional do mundo (não consegui confirmar este dado com
informações de fonte segura, mas na internet encontrei que algumas
universidades podem ser maiores em número de alunos inscritos:
Bangladesh
National University, Bangladesh – 1 milhão de estudantes
Allama
Iqbal Open University, Paquistão – 1,8 milhões
Islamic Azad University, Irã – 1,9 milhões
Anadolu
University, Eskisehir, Turquia – quase 2 milhões
Indira Gandhi National Open University, Índia – 3,5 milhões
(fonte: http://www.seriousrankings.com/top-10-largest-universities/#ixzz2RY43KFR7).
(fonte: http://www.seriousrankings.com/top-10-largest-universities/#ixzz2RY43KFR7).
O que mais me chamou a atenção é que as notícias na mídia
falam da valorização acionista, mas não consegui ainda ler quaisquer
comentários sobre a evolução qualitativa do ensino prestado, nem sobre eventuais
planos para uma contribuição mais profunda na formação superior ao nível de
mestrado ou doutorado. Ou seja, maior é bom, mas não sabemos se significará
melhor.
O tempo dirá, mas a fusão Kroton e Anhanguera parece a forma
de conseguir uma nova oportunidade de ganhos de escala pelo corte de custos,
portfólio em duas classes e algum para os acionistas (temos que ver depois).
Mas não me parece algo de longo prazo.
À falta de analisar o plano estratégico que sustentou esta
fusão, consigo entender eventuais benefícios de custos – que são o estereótipo
da produção em massa, coisa que sabemos com a revolução industrial na versão
taylorista. A produção em massa garante homogeneidade mas de pouco serve essa
consistência se não for acompanhada por melhorias.
O maior poder de mercado pode conseguir fazer baixar mais as
remunerações dos docentes – com a provável consequência de degradação da
qualidade, e as mensalidades dos alunos. Alguns ganhos administrativos
clássicos de economias de escala podem também ser conseguidos antes que as
deseconomias burocráticas entrem em ação.
Do lado dos benefícios tenho algumas dúvidas. A minha convicção
é que quando aumenta a renda do cidadão ele começa a querer diferenciar-se e a
procurar produtos e serviços melhores. Enfim, podem ser apenas diferenciados
quando avaliar objetivamente qualidade seja especialmente difícil.
Curiosamente, embora seja difícil avaliar ex
ante a qualidade do ensino numa universidade, o mercado parece conseguir fazer esta análise. Assim, além
de todo o processo de captação se poder tornar complexo para uma tão grande
instituição, pode haver reais perdas de alunos.
À falta de uma bola de cristal, parece-me que no médio prazo
há motivo para algumas faculdades e universidades se preocuparem. Aqui entra a
estratégia e a necessidade de se diferenciarem, possivelmente captando um público crescente cujo rendimento
vai aumentando e que vai querendo uma formação melhor, numa instituição com
mais reputação. Trabalhar a proposta de valor via aprendizado garante a atração
de alunos e consistência de longo prazo independentemente do público-alvo.
Propostas de uma educação com valor agregado e consistente de massa estão
faltando.



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