quarta-feira, 3 de abril de 2013

Correndo atrás - terceira história do tio João

Por Fernando Serra

Esta é a última histórinha do tio João, mas as de outros personagens virão. Histórias de pessoas como ele, não necessariamente os empresários e personagens que costumamos admirar, mas com "causos" interessantes, muitas vezes engraçados.

Mais uma vez tio João tinha um pedido enorme de uma tubulação de material não-ferroso. Neste caso, o material era importado e só havia um fabricante confiável na época. Salvo erro, na França, pois o outro personagem, me lembro bem, falava francês. A propósito, tio João, também falava francês muito bem.

Neste caso desta encomenda dos tubos de liga especial ele tinha um grande problema. Na época as importações estavam praticamente impedidas e, não havia similar nacional. Mas ele não desistiu. Procurou os dados da empresa que fabricava. Descobriu o nome do diretor técnico e telefonou para ele.

Hoje parece uma tarefa fácil. Quem não consegue achar alguém com o auxílio da Internet e das mídias sociais? Mas há muito tempo, 50 anos atrás, era uma tarefa já por si árdua. Mesmo conseguir telefonar era complicado. Ainda bem que naquele tempo as pessoas tinham um local físico de trabalho e um telefone fixo à mesa.

Continuando, tio João encontrou o engenheiro francês (vamos chama-lo de Jean) e, pediu que ele o recebesse. Comprou uma passagem de avião e lá se foi para a França em busca de uma alternativa para atender ao pedido do cliente. Chegou e foi recebido pelo Jean. Explicou sua situação e propôs que ele cedesse uma licença para um fabricante brasileiro. Jean disse que não podia fazê-lo e que demoraria muito. Vale mencionar que o Jean também era sócio da empresa.

Jean mostrou toda a tecnologia para o tio João. E o tio João insistiu. Aliás ele era muito envolvente.  Disse da importância para ele e para a empresa para a qual trabalhava. Jean se levantou e disse para o tio João: "João, eu vou ter que sair da sala por duas horas. Você pode ficar por aí. Quando eu voltar nos despedimos." Ou seja, ele deixou tudo para que o tio João copiasse. No retorno de Jean, eles se despediram.

Tio João, retornou ao Brasil com a tecnologia. Buscou uma empresa com equipamentos e processos que pudesse fabricar os tubos. Fez um acordo de exlusividade para a venda por uma quantidade de anos em troca do acesso a tecnologia. Desta forma resolveu seu problema. Quantas pessoas você conhece que agiriam assim?

Como disse esta é a terceira história do tio João e vamos tentar tirar alguns ensinamentos. Recentemente tive a oportunidade de apresentar e participar da mediação de uma palestra do Claudio Fernández-Aráoz da EgonZehnder. No seu primeiro encontro com Egon, Claudio comentou que ele le disse que o principal fator para o sucesso é sorte. Sorte de ter saúde, sorte de ter genética, sorte de ter educação etc.

Enfim isto é mais que sorte. Como disse Jeffrey Pfeffer no evento de Gestão e Liderança da HSM hoje: "o que importa não é o que você sabe, mas o conhecimento que você consegue transformar em ação"

Acabaram as histórias do tio João, mas aguardem, outras histórias de pessoas especiais virão.


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