Fernando Serra – Diretor da HSM Educação
Solange Mata Machado – Coordenadora do EDP em Inovação da HSM Educação
Se você procurar no Google a palavra inovação em nosso idioma, encontrará mais de 18 milhões de resultados relacionados. Se fizer a mesma pesquisa com a palavra innovation, o número de resultados pula para quase 330 milhões de resultados. Apesar de tão mencionada e procurada, a busca de criar inovações pelo homem não é novidade. Seja para melhorar a qualidade de vida da sociedade, de sua família, assim como por motivos menos nobres, como poder e fortuna, a inovação sempre existiu.
Descobertas no campo da genetica, da neurociencia e outras ciências prometem revolucionar a vida do ser humano. Quantos negócios serao impactados? Quantos novos negócios acontecerão? Quais serão as novas empresas líderes no futuro? Será que alguma das empresas líderes de hoje continuará a existir?
O aparecimento de inovações, mais que criar novos produtos, negócios e, até setores de negócio, tornam outros produtos e negócios considerados de sucesso obsoletos. Negócios como máquina de escrever, computadores e hard disks trocaram de mãos entre os competidores ao longo de seu ciclo de vida. O tempo para lançamento de novos produtos é cada vez menor, pois seu ciclo de vida cada vez mais curto.
Estas inovações, assim como a evolução da sociedade e de certas tendências desta mesma sociedade, criam novos comportamentos e a necessidade de as empresas estarem constantemente mudando para adaptarem-se às novas demandas e, considerando a inovação estratégica, criar novas demandas. As empresas não podem mais trabalhar sua estratégia se fixando em práticas e métodos existentes, nem em produtos e mercados, mas em competências. organizacionais que possibilitem explorar os mercados e desenvolver novos produtos e, quem sabe, novos mercados.
Ao longo das últimas décadas do século XX, apesar de uma quantidade enorme e tradicional de estudos sobre crescimento das organizações, o declínio e a morte de empresas tradicionais evidenciaram a resistência à mudança e à inovar seus modelos de negócio. Inovar no negócio significa focar em next practices e não em best practices como foi defendido por C. K. Prahalad. Por este motivo é que Vijay Govindarajan e Chris Trimble argumentam então que estratégia não tem a ver com a manutenção de um status quo, mas com a criação de um futuro e que, afinal, estratégia é inovação.
Mas como sobreviver e tornar-se uma empresa de sucesso? Porque empresas de sucesso estabelecidas não conseguiram desenvolver os modelos de negócio inovadores da atualidade? Porque a Microsoft não inventou o Google, porque o Google não inventou o Grupon e daí em diante?
• Quem não inova seu modelo de negócios morre.
O crescimento e a longevidade das organizações é o tema mais usualmente estudado por pesquisadores. É um tema atrativo por estar sempre ligados a empresas admiradas, assim como pelo desejo de executivos e empreendedores de criar negócios cada vez maiores e mais reconhecidos. O estudo do crescimento vem de muito tempo, mas o desafio de renovar-se e de sobreviver é mais que importante. Chester Barnard já em 1938, por exemplo, argumentou que a habilidade para sobreviver é a verdadeira medida do sucesso das empresas.
Embora a maior parte das pequenas empresas não sobrevivam, o problema é enfrentado também por empresas de grande porte. As grandes empresas americanas que fazem parte da Fortune 500 ou da lista da Standard & Poors também sofrem, conforme os dados do quadro ao lado. Algumas empresas declinam várias posições nos rankings de desempenho, outras ainda tentam se recuperar com diferentes graus de (in)sucesso, e muitas acabam mesmo por morrer. Segundo dados de pesquisa da EXAME MAIORES E MELHORES, a taxa de mortalidade das empresas que formavam o ranking das 500 maiores e melhores do Brasil era de 77% num período de 35 anos. Adicionalmente, a mesma pesquisa constatou que existem somente 2% de empresas centenárias entre as 500 maiores de 2007 no país, enquanto que nos EUA são cerca de 39%, no ranking da Fortune 500.
As grandes empresas brasileiras também estão perdendo competitividade e a um ritmo cada vez mais acelerado. A abertura da economia brasileira pode explicar parte deste efeito. Na verdade uma série de fatores externos tiveram impacto sobre as empresas. Mas serão os fatores externos que causam o declínio? Ou será a incapacidade das empresas em reconhecer a necessidade de mudança, de um novo modelo de negócio, enfim de inovar estrategicamente?
O grande desafio das empresas é inovar em seus modelos de negócio, afetando produtos e mercados, e assim conseguirem sobreviver por longos períodos. Sobreviver e inovar nos negócios é um problema que afeta empresas e grupos admirados. Por exemplo, a figura ao lado apresenta a primeira diretoria da FIESP, numa foto de 1928. Sentado na parte debaixo ao meio do grupo está Francesco Matarazzo. Empreendedor que comandava o maior grupo empresarial brasileiro, na época como dito por muitos o 3o maior PIB do Brasil e que hoje está extinto. Do grupo apresentado na figura somente três empresas sobreviveram: a de Horacio Lafer, embaixo à esquerda, o grupo Klabin; a de José Ermírio de Moraes, segundo acima da esquerda para a direita, do grupo Votorantim; e a de Alfred Weisflog, último de cima, da esquerda para direita, da Melhoramentos.
• O que você está esperando?
O desafio das empresas é cada vez maior. As empresas são sistemas complexos e os motivos para não renovarem estratégicamente são diversos. Mas com certeza, devidos à dificuldade em mudar, seja pela crença que o modelo do passado manterá o sucesso futuro, quer pela resistência a mudar, visto que a mudança é incômoda, pois mexe com pessoas e poder, ou mesmo, porque aquele que lidera o processo não é o mais adequado no momento.
Não adianta acreditar que os fatores externos é que são responsáveis pelos nossos problemas. Eles somente evidenciam nossas fraquezas e incapacidade de ver um novo futuro para o negócio. Por este motivo, as novas empresas, que não estão presas ao sucesso do passado é que têm trazido novos modelos de negócio que possibilitam a inovação.
Inovar passa por repensar o negócio. Pensar do futuro para o presente e trabalhar competencias organizacionais que viabilizem novos produtos e negócios, muito mais que a busca por um posicionamento.
Isto significa uma nova lógica, talvez contrária a cada vez maior busca pelo curto prazo. Requer pensar num equilíbrio entre a eficiência e eficácia necessária e fundamental para estar funcionando hoje, e a importância de abandonar antigas práticas e buscar desde hoje construir práticas que viabilizem o novo futuro.










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