quinta-feira, 2 de maio de 2013

Let's go shopping - na educação superior - o ponto de vista de Schwartz.

No livro Paradox of Choice de Schwartz existe uma menção ao ensino superior. Mas antes de chegar lá, vale recordar os argumentos do livro. A idéia é que a liberdade de escoha é importante, mas não de forma generalizada. O excesso de escolhas para aspectos nem tão importantes ou até que venham a prejudicar em outros aspectos deveria ser evitado.

Os argumentos de Schwartz são:
(1) seria melhor abraçar certas limitações voluntárias de nossa liberdade para escolher, no lugar de nos rebelarmos contra elas.
(2) seria melhor procurar o que é suficientemente bom, que sempre achar que há algo melhor.
(3) seria importante reduzir nossas expectativas sobre os resultados.
(4) seria melhor se nossas decisões fossem não-reversíveis.
(5) seria melhor prestar menos atenção ao que os outros estão fazendo.

Dito isto, Schwartz em um de seus capítulos comenta o Shopping for Knowledge. Não posso deixar de concordar com ele. Aliás, este é um dos nossos argumentos quando projetamos cursos ou programas. Menos escolhas, mas com muito foco no processo de aprendizagem.

Schwartz argumenta que a maior parte das universidades, no caso as americanas, argumentam a liberdade de escolha no currículo como uma vantagem. Como ele diz, uma espécie de shopping center intelectual. Há cem anos atrás, o currículo das faculdades seguiam um roteiro rígido para estudos. Seu objetivo principal, segundo Schwartz, era educar as pessoas nas tradições éticas e cívicas. A educação tinha como objetivo construir cidadãos com valores e aspirações comuns - ter uma vida boa e ética, como indivíduos e membros da sociedade.

Nas IES modernas, e as nossas se não tem caminhado para isto é porque existem questões de custos, oferece uma quantidade grande de escolha aos alunos, para que comprem o que pensam gostar. Se não o fazem em disciplinas, com certeza o fazem nos cursos. Existem cursos de graduação e pós para tudo e qualquer coisa.

A escolha é importante, mas a questão é: será que os estudantes, em geral, estão preparados para fazer a escolha? Será que esta é a nossa realidade na graduação de jovens? Será que é a realidade na graduação de "todos" os adultos que emergem para a nova classe média? Será que é a realidade para um sem número de pós-graduandos que acreditam que um diploma é suficiente para mudar sua vida profissional, ou para aqueles que o fazem somente para melhorar um currículo que acham maculado por um curso de menor valor na graduação?

Não acreditamos. Acreditamos que existam contextos e que, o nosso contexto de massa, é de um currículo mais fixo e que o foco, aliás em qualquer situação, deveria ser no processo de aprendizado. Existem pesquisas que apresentam práticas de aprendizado importantes na área de educação e que, infelizmente, estão longe de estarem presentes nas nossas salas de aula. Aliás não é uma exclusividade brasileira. Os professores McGahan e Mahoney, pequisadora e pesquisador importantes em gestão, em artigo relativamente recente reclamavam da qualidade das aulas para motivação dos alunos em estratégia.

As IES, os cursos em geral, inclusive os de pós-graduação stricto sensu, deveriam se preocupar menos com o supermercado da matrícula, no qual alunos e coordenadores se ocupam dos conteúdos a serem cursados, mas se preocuparem mais com menos escolhas e mais foco no aprendizado, considerando conhecimento, prática e comportamento, em função da proposta de valor de cada IES e de cada programa. O resultado, garantimos, por experiências e experimentos próprios anteriores, seriam profissionais, mestres e doutores mais preparados para seus deasfios, quaisquer que sejam.

Um comentário:

  1. É motivador e instigante ver profissionais, de fato, preocupados e focados com a formação de pesquisadores e profissionais de mercado em detrimento ao quantitativo de matrícula.
    Prof.Adm. Alexsandro H. Silveira

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