Manuel Portugal Ferreira e Fernando Serra

É consenso que a competição passou a ser baseada no conhecimento e na inovação. A capacidade que as organizações têm para gerenciar o conhecimento e gerar inovações é que determina os retornos futuros e sua posição no mercado. Tanto os trabalhos acadêmicos como as declarações de executivos enfatizam que a habilidade de gerar inovações é a principal fonte de vantagem competitiva, entretanto, a habilidade de se apropriar ou capturar o rendimento oriundo das inovações é o principal direcionador da competitividade das empresas. O valor do conhecimento e das inovações pode ser
apropriado por concorrentes menos inovadores.
Mesmo existindo um grande debate sobre inovação e apropriação dos rendimentos originados por ela, existe uma pergunta a ser respondida, que é em que condições as empresas podem se apropriar dos benefícios financeiros de seus esforços de inovação?
O contexto é simples, se o inovador não for capaz de fazê-lo, e os concorrentes tiverem acesso ou forem mais capazes de explorar as inovações, não haverá nenhuma vantagem em despender milhões em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para desenvolver novos produtos, processos ou tecnologias. A ideia é antiga de que o incentivo para a empresa fazer P&D é que ela vai ter retorno financeiro adequado e superior a de relações de operação somente eficientes dos investimentos que tiver realizado. Entretanto, estes retornos são reduzidos quando os concorrentes são capazes de imitar ou mesmo melhorar uma inovação, mesmo não tendo custos e esforços de P&D tão significativos
como aquele que a inventou. As empresas consideradas inovadoras podem não ser capazes de capturar totalmente o valor de suas inovações pela difusão do conhecimento por outras empresas.
Nosso framework
A inovação é uma importante atividade para as empresas e não é novidade. Já Schumpeter dizia que seria por intermédio das inovações que as empresas renovam sua base de ativos. E são estes ativos, exclusivos e distintos entre as empresas que garantem sua posição competitiva. As inovações são importantes porque podem gerar as fontes futuras de resultados, mas é crucial que as empresas consigam ter acesso aos rendimentos destas inovações, como incentivo para que continuem a buscar inovar.
Apropriar-se dos rendimentos da inovação significa de certa forma a facilidade ou não da inovação ser imitada pelos concorrentes. A apropriação dos rendimentos passa a ser uma função também dos mecanismos que a empresa possui para proteger-se de ser imitada. A velocidade pela qual a inovação da empresa pode ser imitada vai depender de oito características principais: da taxa de retorno potencial da inovação, quanto mais atrativa, maior será a atenção aos potenciais concorrentes; da efetividade dos mecanismos de proteção, como por exemplo, patentes; da capacidade dos concorrentes em imitar, pelas suas habilidades e ativos disponíveis; pelos ativos complementares que
a empresa inovadora tem a sua disposição; a similaridade tecnológica dos concorrentes com a empresa inovadora; o acesso dos concorrentes aos detalhes e conhecimento que está envolvido na inovação; a natureza do conhecimento envolvido na inovação; a facilidade de transferir a inovação e o conhecimento pelas fronteiras da empresa.
O propósito deste post é procurar melhorar a compreensão para os executivos das empresas de quando, porque e como as empresas capturam ou falham em capturar os rendimentos que podem acontecer pelas suas inovações.
A figura apresentada a seguir representa a nossa proposta sobre o risco de o inovador não se apropriar totalmente dos rendimentos de suas inovações. São cinco os conceitos que suportam a nossa proposta: o tipo de inovação; o efeito de bandwagon (aceitação da inovação no mercado); os mecanismos de proteção às inovações; ativos complementares que suportam o acesso à inovação; o tipo de rede relacionamento e colaboração da empresa.
- A influência do tipo de inovação
O tipo de inovação vai influenciar o grau de mudança tecnológica envolvida. Este grau de mudança tecnológica é maior no caso de uma inovação radical e menor no caso de uma inovação incremental. Se uma empresa faz uma inovação radical os concorrentes estabelecidos terão mais dificuldade de mudar, pois possuem processos estabelecidos, e possivelmente por terem sustentado a empresa até ali, haverá uma resistência para que sejam mudados, impedindo a adaptação ao ambiente.
Por outro lado, as mudanças incrementais, baseadas na forma usual de fazer e utilizar ativos existentes e similares entre empresas torna mais fácil a imitação pelos concorrentes e até novas melhorias.
O estado da arte tecnológico é um direcionador importante da competição. Nos estágios iniciais de um setor, as empresas lutam para criar e impor padrões. Neste estágio não existe referencia para imitação e a competição acontece pelos investimentos em P&D e na criação do mercado. Entretanto, uma vez que o projeto dominante é estabelecido, a competição gradualmente muda para a eficiência operacional, explorando as economias de escala e escopo, e a aprendizagem, atuando sobre o custo, e sem P&D. Se existir, a P&D fica focada nos processos que possibilitem reduzir o custo dos produtos.
As questões mais sérias ligadas à apropriação dos rendimentos oriundos das inovações costumam acontecer uma vez que o projeto dominante está estabelecido e quando as novas inovações são construídas de forma incremental. Quando isto acontece, as tecnologias básicas são conhecidas e utilizadas por uma grande quantidade de empresas. Assim, a imitação é mais fácil, e os imitadores podem mudar pequenos aspectos nos produtos ou processos. Os inovadores podem ficar numa posição desvantajosa.
Por exemplo, você pode notar que na competição da indústria automobilística de alto volume as melhorias são incrementais baseadas em processos existentes e, muitas vezes, baseadas em tecnologias e equipamentos que sequer são de domínio das montadoras. Mesmo quando uma montadora lança algo diferente em design ou atributos, quase que imediatamente uma concorrente lança seu modelo incrementalmente melhor.
Proposta P1
As empresas inovadoras estão menos propensas a se apropriarem das rendas oriundas da inovação, quando as inovações são incrementais.
Por outro lado, quando as inovações são radicais, é mais difícil para o inovador se apropriar das rendas. Para comercializar inovações radicais o inovador pode precisar permitir alguma difusão das inovações e do conhecimento existente para: possibilitar a aceitação pelo mercado e que consumidores sigam os que consomem primeiro (efeito de bandwagon) e, legitimação do novo produto e da tecnologia. Ou seja, é desejável que exista alguma difusão intencional do conhecimento, mas os perigos da apropriação pelos concorrentes emergem da possibilidade da difusão não controlada da inovação.
A replicação das inovações radicais também requer a consolidação de processos e procedimentos para operacionalizar a inovação que podem ser eventualmente acessados pelos concorrentes que podem vir a imitar.
As inovações radicais são também complicadas de implementar, pois exigem da empresa inovadora uma mudança significativa de estrutura, processos e pessoas. Por exemplo, na época da descoberta da máquina digital pela Kodak, a empresa era líder de mercado e tinha praticamente todo o seu faturamento dependente de filme fotográfico, materiais químicos para revelação e papel fotográfico. Foi impossível convencer ao executivo de abraçar a nova tecnologia e abandonar gradativamente o negócio antigo. A ecnologia disponível para concorrentes acabou por causar a derrocada da própria
Kodak,
Proposta P2
As empresas inovadoras também estão suscetíveis a não se apropriarem das rendas de suas inovações, mesmo que estas inovações sejam radicais.
- Os mecanismos de proteção das inovações
A argumentação sobre os tipos de inovação ressalta a importância da existência de mecanismos de proteção, como as patentes. A inovação tecnológica tem resultados incertos, e mesmo empresas novas com produtos e processos de ponta são desafiadas por imitadores potenciais. Mesmo quando as patentes possam prover alguma proteção, o conhecimento se torna parcialmente explícito e acessível para os concorrentes. Ainda mais que as inovações não são perfeitamente protegidas pelas patentes ou outra forma legal e, por isto podendo se difundir por redes de relacionamento de pessoas e empresas, tornando viável a imitação.
Mas se as patentes não protegem perfeitamente, porque as empresas continuam a usar patentes. Existem diversas repostas possíveis. Em primeiro lugar, as empresa podem patentear para se protegerem de oportunistas e de problemas legais futuros. Em segundo lugar, as patentes ajudam a controlar e verificar a produtividade de R&D.
Terceiro, as firmas usam patentes como forma de entrada de mercado em determinados países. Finalmente, também usam as patentes como sinal de expertise em P&D que produz uma percepção da qualidade e de empresa inovadora no mercado.
Quando os inovadores conseguem proteger suas inovações por intermédio das patentes, ou conseguem mantê-las em segredo, impossibilitando aos concorrentes a terem acesso ao conhecimento embebido na inovação, eles certamente serão recompensados com as rendas por algum tempo. Os inovadores também poderão ter o benefício de licenciar e receber os royalties de partes interessadas que queiram usar a inovação. As patentes têm o objetivo de prevenir os concorrentes de usar as inovações sem custo para o imitador, mas existem evidencias que as patentes são proteções imperfeitas. Quando o sistema de patentes é solto, subregulado ou fraco, as empresas inovadoras encontram mais dificuldades em apropriarem-se das rendas de suas inovações.
Embora as patentes tenham o papel e o potencial de proteger conhecimento, também têm o potencial para deixar o conhecimento mais facilmente transferível. Isto acontece porque as patentes podem ser acessadas e precisam dar detalhes daquilo que está sendo patenteado, facilitando a imitação. O grau de conhecimento, explícito ou tácito, é que pode fazer a diferença para a facilidade ou não de imitação pelos concorrentes. O conhecimento tácito é implícito e específico das rotinas e processos das empresas. Em alguns setores, as patentes oferecem proteção efetiva, pois é fácil mostrar que a patente foi violada. É o caso das indústrias química, petrolífera e farmacêutica, por exemplo.
A disputa e o veredito no caso Apple versus Samsung é um exemplo. A Apple passou anos procurando rever o conceito de smartphone e idealizou um computador que tem uma função de telefone. Os anos de pesquisa e de desenvolvimento estavam em causa na acusação de cópia pelo Samsung Galaxy. A Apple teve o veredito de uma indenização de US$ 1 bilhão a ser paga pela Samsung que, entretanto, recorreu.
Proposta P3
As empresas inovadoras são menos propensas a apropriar as rendas oriundas de suas inovações quando os mecanismos de proteção legal forem fracos ou soltos.
Um aspecto adicional no dilema de quem se apropria das rendas da inovação está relacionado com a posse ou não de ativos complementares que podem levar à falha em capturar àquelas rendas. Por exemplo, mesmo em trabalhos acadêmicos foi colocado que a habilidade para da IBM em conseguir rendas de suas inovações não estava ligada diretamente à sua capacidade de inovar, mas à sua capacidade de operacionalizar e ter acesso ao mercado.
Os ativos complementares permitem que a inovação atinja o mercado em mais escala e que a empresa capture as rendas da inovação. Por exemplo, um novo medicamento requer um grande grupo de pessoas de venda, que a empresa tenha recursos e habilidades significativas de marketing e capacidade de produção para servir ao mercado global. No exemplo anterior da IBM, ela possui uma grande rede de vendas e folga de recursos financeiros, muito mais que a força tecnológica. Se um concorrente possui estes ativos complementares e a inovação é fácil de imitar, por exemplo, por engenharia reversa, então o concorrente pode ter vantagens em relação ao inovador que não possui estes ativos.
As empresas inovadoras que não tenha disponíveis ativos complementares essenciais pode buscar conjugar estes ativos com múltiplos parceiros, estabelecendo relações contratuais com fornecedores, outros produtores ou distribuidores. Para esta solução ser efetiva são necessários mecanismos de proteção funcionando (por exemplo, patentes, como discutidos anteriormente) para prevenir que os parceiros se comportem oportunisticamente.
Proposta P4
As empresas inovadoras são menos propensas a se apropriarem das rendas da inovação se não têm a posse dos ativos complementares e estes estejam disponíveis para outras relações de parceria.
- Três condições para ter sucesso com os ativos complementares
Mesmo quando as empresas inovadoras não possuem os ativos complementares necessários para explorar totalmente a comercialização também podem ter sucesso. E mesmo quando os possui pode não ter sucesso. Isto, porque os inovadores podem estar em redes de relacionamento com outras empresas que facilite o acesso a ativos similares ou substitutos. Assim, para que os ativos complementares funcionem, nós sugerimos três condições que devem ser atendidas para possibilitar que o inovador se aproprie das rendas de sua inovação: exclusividade; ocupação de espaços e propriedade. Estas três condições serão discutidas a seguir.
Os ativos complementares precisam ser exclusivos. A exclusividade significa que os ativos complementares são de propriedade da empresa e que não são passíveis de replicação, ou imitação, pelos concorrentes. Não é difícil conceituar situações de ativos exclusivos. Por exemplo, uma marca é um ativo exclusivo visto que não permite (pelo menos sem pagamento de royalty) o uso por outras empresas. Similarmente, canais de distribuição especializados podem ser ativos exclusivos como podem ser as normas e códigos de conduta do pessoal que faz a ligação da cultura corporativa. Empresas rivais podem desenvolver uma marca ou uma cadeia de distribuição e força de vendas mas
estas não serão as mesmas. Algum potencial de imitação pode emergir quando a empresa inovadora precisa codificar o conhecimento, por exemplo, para replicar a inovação para outras subsidiárias estrangeiras. A replicação é importante para aproveitar a inovação e para maximizar a fatia das rendas capturadas. Assim, a condição de exclusividade pode ainda não suficiente para garantir que ativos complementares exclusivos levem à apropriação das rendas da inovação.
Os ativos complementares precisam ocupar os espaços. Ter ocupado os espaços significa que porque uma empresa possui estes ativos, outras empresas não podem replica-los, seja pela parceria pata ter acesso a ativos similares ou substituíveis, como pela aquisição de ativos no mercado. Esta ocupação de espaços pelos ativos complementares pode ser vista como uma barreira de entrada para outras empresas. Sendo estes ativos exclusivos, a posse do inovador de ativos que ocupem os espaços também é uma barreira para novas configurações internas de recursos, habilidades ou rotinas.
Finalmente, os ativos complementares precisam ser de propriedade da empresa. Esta condição assegura que somente o inovador terá o “direito” de capturar as rendas oriundas das inovações. Esta condição requer adicionalmente que a inovação seja absolutamente desenvolvida dentro da empresa, e não conte com a cooperação de parceiros externos. Adicionalmente, a comercialização com sucesso da inovação requer somente o conjunto de ativos complementares que a empresa já possui. Em suma, ativos de propriedade da empresa não são construídos por intermédio de parcerias com outras
empresas ou centros de pesquisa, nem vão depender dos recursos de outras empresas.
Proposta 5
As empresas inovadoras que possuam ativos complementares exclusivos, que permitam a ocupação de espaços e sejam de sua propriedade estarão mais propensas a se apropriarem das rendas oriundas da inovação.
- Efeitos de Bandwagon e difusão
O sucesso de qualquer inovação no mercado requer a sua aceitação pelos clients e outros produtores. Assim, pelos menos em algumas ocasiões, para compreender quem se apropria das rendas da inovação é necessário observar em que extensão os inovadores precisam de alguma difusão das inovações. A lógica está no benefício das externalidades de redes de relacionamento e nos efeitos de bandwagon entre clientes como produtores. As externalidades de rede estão ligadas ao fato de que a utilidade de produtos específicos para o cliente vai depender da quantidade de outros clientes (por exemplo, o telefone, o fax, o celular e email). Isto é, uma quantidade significativa das rendas que emergem da inovação está ligada à quantidade de pessoas que a utilizam.
Então, a difusão da inovação para concorrentes aumenta o mercado criando demanda adicional para o produto. As externalidades também podem existir em tecnologias interrelacionadas. Por exemplo, os consumidores que adotam veículos movidos a gás natural devem aumentar com a melhoria da infraestrutura da distribuição de gás como um todo. Assim, tanto os efeitos de bandwagon como os de externalidades de redes de elacionamento são mais importantes para inovações radicais, e menos para as inovações incrementais.
Efeitos de bandwagon significam que os indivíduos são influenciados pelos comportamentos e decisões de outros indivíduos, fundamentalmente aquelas das empresas concorrentes. Os indivíduos imitam outras escolhas e é a comunidade de empresas que geram a evolução tecnológica. A difusão por bandwagon presume que os agentes estão de alguma forma conectados e têm acesso aos spillovers do conhecimento/inovação pretendidos do inovador. O acesso à inovação, entretanto, pode
incentivar a imitação por concorrentes e impedir o inovador de capturar as rendas oriundas da inovação. Por exemplo, a expansão dos smartphones, sobretudo entre os jovens, não é só por uma questão de utilidade e necessidade, mas pelo fato de outros possuírem. Além do status de ter, é a possibilidade de fazer parte da rede de relacionamentos com os demais.
Proposta 6.
As empresas inovadoras são menos propensas a apropriar as rendas da inovação quando as inovações são radicais, particularmente estas requerem efeitos de bandwagon.
- As redes de relacionamento e a atividade inovadora localizada
As empresas estão inseridas em um ambiente externo maior e que modela como e o que as organizações fazem. Diversos estudos têm focado na compreensão e explicação porque e para qual propósito as empresas se engajam em redes de relacionamento. As empresas são raramente autossuficientes e elas se engajam em trocas com outras empresas para obter os recursos de reputação, sociais, financeiros e físicos. Uma rede de relacionamento consiste de um conjunto ou conjuntos de atores e do relacionamento ou relacionamentos definidos entre eles. O fato é que a rede de relacionamento tem o potencial para chegar a diversos benefícios como os ganhos de informação e o fluxo dentro das redes de relacionamento, oportunidades de mercado, a transferência de conhecimento explícito e tácito dentro das redes de relacionamento é essencial para a aprendizagem organizacional e para a inovação. Por exemplo, no setor de telecomunicações as inovações tecnológicas acontecem principalmente por uma rede de relacionamentos complexa e ampla entre empresas.
Um tipo específico de rede de relacionamento são os clusters industriais. O papel dos clusters tem sido extensivamente enfatizado na dinâmica de inovação. Os clusters industriais são localidades onde empresas e negócios similares, relacionados ou complexos existem em proximidade, dividindo um conjunto especializado de infraestruturas, mercados de trabalho e de serviços.
A concentração localizada de instalações tecnológicas reforça os relacionamentos entre gastos P&D e crescimento de produtividade. Também existe a crença que a competição entre empresas dentro do cluster força as empresas a serem mais inovadoras e a criarem novos produtos, processos e tecnologias. Nos clusters existe uma possibilidade maior de spillovers de conhecimento, intencionais ou não, pela proximidade entre empresas e funcionários. Estes spillovers de conhecimento também
são mais propensos a promover a vantagem competitiva do cluster como um todo e reforçar a atratividade do cluster, induzindo que outras empresas líderes do mercado doméstico ou internacional busquem estas localizações para suas operações.
Um aspecto central na inovação ligado a sistemas de inovação regional, como os clusters, são as redes de relacionamento. Por intermédio das redes de relacionamento com outras empresas seja como especializações diferentes ou complementares, o potencial de inovação aumenta e mais inovações podem ser gestadas. As aglomerações econômicas pode estimular a competição, encorajando a transferência de informação, conhecimento e tecnologia entre empresas de redes de relacionamento relacionadas.
Porque muitas das indústrias no interior do empregar uma força de trabalho similar, estes trabalhadores podem se mover livremente para outras empresas dentro do cluster, desta forma transferindo conhecimento para outras empresas e novos entrantes, e continuando a promover a concorrência e crescimento. É razoável sugerir que a transferência de conhecimento e de tecnologia entre estas empresas irá levar a novas inovações e direcionar o crescimento do cluster.
Proposição 7
A atividade de inovação tende a ser mais intensiva dentro dos clusters que fora deles.
A parte do clusterização e das vantagens de redes de relacionamento das empresas localizadas nos clusters, existirão diversos perigos e grandes obstáculos à apropriação das rendas de inovação. As empresas do cluster tendem a ter dificuldade em manter o conhecimento protegido, é também difícil manter seus funcionários chave, e desenvolver projetos de P&D independentemente de outras empresas que participam da mesma rede de relacionamentos ou mesmo cluster regional. Finalmente, a dificuldade associada à apropriação das rendas pelas empresas no cluster pode mesmo se estender à
apropriação da inovação por si. Isto é, quando múltiplas empresas convergem para empreender uma inovação é talvez confuso para quem a inovação pertence. Por outro lado, as empresas mais isoladas dos concorrentes e parceiros, empresas for a do cluster, podem achar mais difícil desenvolver as inovações. Entretanto, uma vez desenvolvida, estas empresas vão conseguir gerenciar mais facilmente para manter o segredo e prevenir a difusão de conhecimento que ocorre num cluster durante as repetidas interações entre trabalhadores, proprietários, gestores e cientistas.
Resumindo, os efeitos de relacionamento são importantes no contexto da inovação, mas eles são também relevantes na busca de quem se apropria das rendas de inovação. As redes de relacionamento, como os clusters, podem promover inovação pelo conhecimento entre empresas, mas as mesmas ligações sociais e de negócios que juntam as empresas, também facilitam a difusão do conhecimento. É razoável sugerir que as empresas inovadoras terão maiores dificuldades em capturar as rendas de suas inovações nesta instância.
Este também é o caso de empresas incubadas. E o mesmo efeito é observado em parques tecnológicos que incorporam incubadoras, empresas que já foram incubadas e daí em diante. É comum verificar empresas de mesma natureza serem geradas pela saída de um funcionário ou mesmo pelo simples acesso à ideia de outros.
Proposição 8
As empresas inovadoras são menos propensas a apropriarem-se das rendas oriundas da inovação se estiverem numa rede ou cluster, que se localizadas fora da rede ou cluster.
Este trabalho discute se as empresas conseguem gerar inovações e condições para que estejam habilitadas a capturar as rendas futuras destas inovações. Mais especificamente, são discutidos os tipos de inovações, a efetividade das patentes como mecanismos de proteção, a difusão das inovações para outras empresas, efeito de bandwagon, o papel de ativos complementares e efeitos de redes de relacionamento.
A inovação é o mecanismo pelo qual as empresas ganham acesso aos recursos com valor futuro superior, e a novas combinações de recursos mais valiosas que são específicas à empresa e que por si possam ser exploradas. Estas novas combinações incorporadas dificultam a imitação, as habilidades e as rotinas protegendo a empresa inovadora.
Procurou-se com este trabalho contribuir para uma questão essencial de quando as empresas inovadoras se apropriam dos benefícios da inovação. Este assunto tem um impacto direto sobre as empresas e órgãos governamentais e, de certa forma sobre a sociedade como um todo. Existe um consenso sobre a importância da inovação, existe um sem número de trabalhos focando os processos e ferramentas da inovação, ntretanto, muito poucos se dedicam a apresentar não só os riscos, mas os cuidados a serem tomados para que as recompensas pelo esforço de inovar sejam aproveitadas pela
empresa que tem esta iniciativa e não por concorrentes existentes ou futuros.
Embora valha o alerta, também podemos tirar algumas lições e sugerir algunsconselhos para procurar deter melhor os rendimentos que possam ser originados pelas inovações:
1) A inovação é importante e o processo para que aconteça também, mas não deixe de pensar que garantir que os rendimentos venha para a empresa que inova e tão ou mais importante depois que a inovação acontece.
2) Nas empresas de pequeno porte a falta de acesso recursos e ativos complementares muitas vezes impede que sejam as que realmente capturam os rendimentos. Nas empresas grandes a incapacidade de se adaptarem em novas situações que desafiam o passado e o rendimento presente.
3) O tipo de inovação é importante. Ter uma inovação radical é sem dúvida um grande passo, mas é preciso ter atenção em como fazer com que esta inovação seja realmente aceita pelo mercado sem possibilitar a cópia pelos imitadores. O cuidado com as parcerias e formas de divulgação é fundamental.
4) A proteção por patentes nem sempre protege o inovador. Países entram e saem do acordo de patentes e por isto, além de ter uma patente e que proteja em diversos mercados, é preciso proteger a inovação pelos recursos e processos fundamentais controlados somente pela empresa inovadora.
5) Pela atenção que foi dada aos ativos complementares já mostra a sua importância. De nada vale inovar se não conseguir chegar ao cliente, por exemplo. No caso da empresa pequena no lugar de perder seus rendimentos vale avaliar a possibilidade de ser parceira ou mesmo ter parte da propriedade com outra de maior porte que possa ajuda-la na empreitada. Nas de grande porte, de nada adiante ter os ativos, se não estiver disposta a criar novas unidades que muitas vezes desafiam a própria estrutura do negócio atual.
6) Embora a colaboração seja sem dúvida importante e também um fator preponderante para que mais inovações aconteçam, ela pode impedir que as rendas possam acontecer, ou que venham a se perder. Repensar a estrutura e funcionamento colaborativo para proteção ou mesmo uma divisão mais adequada entre parceiros e empresas que se complementam é o grande desafio.
Perceber as oportunidades, compreender a inovação como a fonte fundamental para a vantagem competitiva e utilizar recursos e desenvolver processos para que aconteça é muito importante, mas desde que uma vez que tenha acontecido busque prevenir que os rendimentos que virão caiam na mão de concorrentes. Afinal, o investimento para inovar acontece pela expectativa de ter rendimentos futuros.
Para quem quiser conhecer o artigo acadêmico: