Por Fernando Serra
Imagine um terreno. Não um terreno grande. Um terreno de boa dimensão para construir uma casa. Por exemplo, um terreno de 400 m2. Imagine que para a construção você coloque um guindaste no terreno. Daqueles grandes que são usados para a construção dos arranha-céus. Imagine também a construção do muro da casa. Para escavar, pense numa pessoa usando uma pá de jardinagem. Para fazer o acabamento, imagine uma pá normal. Para preparar o cimento, imagine usarem uma batederia de cozinha.
Estariam sendo utilizadas as ferramentas certas em relação à tarefa e ao contexto? A resposta é não!
Coloquei a estória para ilustrar o comportamento executivo e acadêmico em relação ao modismo e uso inadequado das ferramentas de gestão.
Ao longo de algumas décadas, idas e vindas colocam as ferramentas de gestão no trono e depois as atacam para colocar em desuso. Como as ferramentas em nosso dia-a-dia, as ferramentas de gestão são úteis, ou pelo menos mais úteis, se são usadas na situação correta.
Muitas vezes pergunto aos meus alunos se já passaram manteiga no pão com uma chave de fendas. Sempre se riem da situação que parece ridícula. Depois pergunto se já usaram uma faca para tirar ou apertar um parafuso. A resposta neste caso é unânime: sim! Correram, por este comportamento, o risco de estragar o parafuso, de cortar a mão ou levar um choque elétrico, pelo uso da ferramenta errada, na situação errada.
Mas porque toda esta introdução? Recentemente, uma parceira de pesquisa comentou que um grupo de professores discutia não ensinar mais Balanced Scorecard, pois já existiam muitas empresas que estariam abandonando a ferramenta por não funcionar adequadamente.
Há pouco tempo, aconteceram também ataques ao framework das cinco forças de Porter (vejam em http://estrategiaeorganizacoes.blogspot.com.br/2012/12/michael-porter-faliu-que-maldade.html e em
http://estrategiaeorganizacoes.blogspot.com.br/2013/01/michael-porter-faliu-deloitte-compra.html), devido ao pedido de falência da empresa de consultoria Monitor.
Se voltarmos alguns anos, o downsizing esteve no auge e depois virou vilão, assim como a reengenharia. Aliás, qualquer demissão é downsizing e qualquer mudança reengenharia nos jornais, mesmo sem a intenção das organizações neste sentido.
O que quero na verdade é desafiá-los a refletir se o problema está na ferramenta ou na forma de usá-la? Se o desafio está en ensinar nos MBAs o uso no contexto ou que funciona sempre? Aí está o desafio e estou a postos para o debate. Quem se habilita a começar?



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