quarta-feira, 27 de março de 2013

Tio João era sortudo ou competente? - segunda história

Esta é a segunda história do meu tio João. Um dos que se tornou um modelo para meu desenvolvimento pessoal.

O tio João e a tia Maria Helena gostavam de viajar de navio. Nesta época da vida o tio João já tinha uma vida confortável. Era sócio de uma empresa de ferro, aço e materiais de construção, a FAMC em Bonsucesso, no Rio de Janeiro. Eles então decidiram ir de navio para os Estados Unidos. Faziam sempre esta viagem para também visitar o tio Cesar que nasceu naquele país e que gostavam de encontrar a cada ano.

Ele estava no navio e havia uma senhora estrangeira de muletas. Num balanço do navio a senhora desequilibrou-se e iria cair no mar, o que possivelmente seria fatal em sua condição. Rapidamente o tio João, que sempre estava atento, a alcançou e impediu que caísse.

O marido da senhora que assistiu toda a cena veio correndo. Nervoso como ela, se abraçaram, enquanto o tio João se afastava vendo que tudo estava sob controle. Mas o senhor o chamou. O convidou para jantarem. Como disse antes o tio João falava muito bem inglês. E o senhor, que era americano e sua senhora, logo ficaram íntimos amigos do meu casal de tios.

Este senhor era um funcionário de alto escalão do governo norte-americano servindo no Brasil. Sempre ouvimos falar da loteria de greencard norte-americano, mas foi neste evento que meu tio João conseguiu o seu. Foi somente sorte?

[continua para a terceira e última história]

domingo, 24 de março de 2013

A culpa é sempre da ferramenta: foi o downsizing, reengenharia, 5 forças e agora balanced scorecard.

Por Fernando Serra

Imagine um terreno. Não um terreno grande. Um terreno de boa dimensão para construir uma casa. Por exemplo, um terreno de 400 m2. Imagine que para a construção você coloque um guindaste no terreno. Daqueles grandes que são usados para a construção dos arranha-céus. Imagine também a construção do muro da casa. Para escavar, pense numa pessoa usando uma pá de jardinagem. Para fazer o acabamento, imagine uma pá normal. Para preparar o cimento, imagine usarem uma batederia de cozinha.

Estariam sendo utilizadas as ferramentas certas em relação à tarefa e ao contexto? A resposta é não!
Coloquei a estória para ilustrar o comportamento executivo e acadêmico em relação ao modismo e uso inadequado das ferramentas de gestão.

Ao longo de algumas décadas, idas e vindas colocam as ferramentas de gestão no trono e depois as atacam para colocar em desuso. Como as ferramentas em nosso dia-a-dia, as ferramentas de gestão são úteis, ou pelo menos mais úteis, se são usadas na situação correta.

Muitas vezes pergunto aos meus alunos se já passaram manteiga no pão com uma chave de fendas. Sempre se riem da situação que parece ridícula. Depois pergunto se já usaram uma faca para tirar ou apertar um parafuso. A resposta neste caso é unânime: sim! Correram, por este comportamento, o risco de estragar o parafuso, de cortar a mão ou levar um choque elétrico, pelo uso da ferramenta errada, na situação errada.

Mas porque toda esta introdução? Recentemente, uma parceira de pesquisa comentou que um grupo de professores discutia não ensinar mais Balanced Scorecard, pois já existiam muitas empresas que estariam abandonando a ferramenta por não funcionar adequadamente.

Há pouco tempo, aconteceram também ataques ao framework das cinco forças de Porter (vejam em http://estrategiaeorganizacoes.blogspot.com.br/2012/12/michael-porter-faliu-que-maldade.html e em
http://estrategiaeorganizacoes.blogspot.com.br/2013/01/michael-porter-faliu-deloitte-compra.html), devido ao pedido de falência da empresa de consultoria Monitor.

Se voltarmos alguns anos, o downsizing esteve no auge e depois virou vilão, assim como a reengenharia. Aliás, qualquer demissão é downsizing e qualquer mudança reengenharia nos jornais, mesmo sem a intenção das organizações neste sentido.

O que quero na verdade é desafiá-los a refletir se o problema está na ferramenta ou na forma de usá-la? Se o desafio está en ensinar nos MBAs o uso no contexto ou que funciona sempre? Aí está o desafio e estou a postos para o debate. Quem se habilita a começar?

terça-feira, 19 de março de 2013

O que ler e assistir: livros e filmes que me atraem.

 Por Fernando Serra.

Recentemente recebi a solicitação de recomendar 3 livros e filmes que executivos poderiam ler para se inspirarem. A seguir reproduzo minha resposta ao jornalista e espero que tanto os livros como os filmes também possa inspirar ou ajudá-los a compreender melhor os desafios da gestão no mundo de hoje.

Acho que podemos pensar em quatro desafios para os executivos: como liderar em ambientes dinâmicos e mutante; como crescer de forma sutentável e garantindo a longevidade do negócio; o que o futuro reserva para mim e para a empresa; como progredir na carreira.

LIVROS: Apesar de serem da editora da HSM e de estar me concentrando em lançamentos mais recentes, acho que os seguintes libros são de leitura fundamental para os executivos de hoje:

1. Em "Vencedoras por Opção", Jim Collins e Morten Hansen mostram o comportamento de líderes em mercados dinâmicos, apresentando aspectos que são muito importantes para os executivos refletirem em relação ao seu próprio comportamento.



No livro "Vencedoras por Opção" de Collins e Hansen, recomendo os dois primeiros capítulos. Embora os demais apresentem casos e detalhem aspectos muito importantes para o aprendizado executivo. O primeiro apresenta a lógica do livro e da pesquisa. E, sobretudo o segundo resume as descobertas e aspectos fundamentais ligados aos líderes das organizações estudadas.

2. Em "Miopia Corporativa", Richard Tedlow aborda o conceito de negação, ligado ao coneito de threat-rigidity. Os conceitos abordam a não tomada de decisão ou a decisão que nega fatores que evidenciam ameaças e situações de declínio corporativo. Tenho pessoalmente estudado o declínio organizacional e os comportamentos de tomada de decisão em relação a adaptação e aprendizagem sao fundamentais para a longevidade. Vale lembrar que 80% das empresas que ultrapassaram dez anos de vida e chegaram nas 500 maiores e melhores da Exame, somem ou perdem competitividade após 40 anos.

O livro "Miopia Coporativa" de Tedlow, é um livro escrito por um historiador de negócios. De certa forma como o clássico brasileiro de Mauá, o imperador e o rei. Eu, particularmente gosto deste tipo de narrativa. No caso do livro que recomendo, são apresentados vários casos. Gostei muito de ter lido o caso de Henry Ford no capítulo 1, pois me apresentou Ford de uma nova maneira e, também ressaltando algo que vejo todos os dias em minha experiência como professor, pesquisador e conselheiro: o sucesso traz excesso de auto-confiança e a sensação de ser invencível. O caso da Intel no capítulo 10 também é muito legal contando a decisão de sair do mercado de memórias de computador. Mas o livro aborda muitos casos interessantes.

3. Em "Abundância", recém lancado, Peter Diamandis e Steven Kotler apresentam como o futuro tecnológico vai influenciar positivamente o progresso da sociedade. Entretanto, estes mesmos indicadores ameaçam o status quo das empresas de hoje.

O livro "Abundância" de Peter Diamandis e de Steven Kotler (embora ainda este lendo), tem muitas coisas interessantes. Parece um livro de ficção, mas é na verdade uma apresentação de uma versão possível e plausível de futuro em função do desenvolvimento tecnológico. O primeiro capítulo é, sem dúvida interessante e discute os desafios da humanidade e o conceito de abundância. Mas estou particularmente encantado com o livro e não consigo apontar até agora o melhor capítulo. No capítulo cinco, qual o de minha preferência. Pensar o futuro e imaginar o futuro para mim é um prazer.

4. Queria acrescentar um quarto livro, o livro "Power" de Jeffrey Pfeffer, que de maneira incômoda discute os aspectos que influenciam a progressão profissional.

No livro "Power" de Jeffrey Pfeffer, gosto mais dos dois primeiros capítulos. No primeiro capítulo o autor  mostra que é preciso mais que desempenho para se alcançar sucesso profissional. No capítulo 2 ele apresenta algumas características pessoais que contribuem para o poder da influência sobre outros.

FILMES: Em relação aos filmes serei mais conservador.

1. Acho que vale ver o filme "How To succeed in business without really trying", que tem sido exibido nas madrugadas na  TV e que para aqueles que puderem, vejam o musical na broadway com Daniel Radcliffe (o ator de Harry Potter). O filme se baseia num livro da década de 50 e que satiriza de forma mais atual que nunca o comportamento dos executivos no mundo corporativo.

2. Outro filme que vale ver é "Mauá o Imperador e o Rei" que conta a história do mais notável empreendedor brasileiro e que mostram as relação de poder e outras que envolvem os negócios ainda hoje.

3. Acho que vale ver "Os Piratas do Vale do Si" que conta os primórdios da Microsoft e da Apple, empresas que ainda hoje são inspiração para os jovens empreendedores.