sábado, 14 de abril de 2012

Conversando com Derek Abell sobre Declínio das Organizações


Podemos aprender algo com a medicina. Analisando a prática da medicina, o que entendemos nos últimos 50 anos, é que se você analisar o quadro do paciente, fazendo com que o paciente entre no consultório, o médico olhe para ele, faça os teste de pressão, pulso, e até faça com que realize testes em aparelhos. Mesmo assim ele não entenderá o quadro clinico. Você entenderá o paciente tentando entender o histórico de desenvolvimento, o ambiente, o contexto.
E algumas dessas medições, você pode analisá-las, como você pode analisar as de uma empresa, olhando a renda da empresa, a folha de balanço e não ver que a companhia está desesperadamente doente. Parece que seu desempenho está bom, mas tem um câncer por dentro.
Esse é um dos nossos problemas e então, quando você fala sobre declínio e sobre a necessidade de rever o passado e analisar o desenvolvimento, é como uma tentativa de entender esse câncer antes do seu começo. Então eu penso que quando o declínio começar a aparecer na renda da empresa, já estaremos atrasados demais.
É como uma medição de câncer de próstata, supondo que o meu PSA esteja em 10, é melhor eu fazer alguma coisa. Na verdade, era melhor você ter feito alguma coisa quando ele já estivesse no 4, ou menos saber disso.
E estamos fazendo nas companhias o que é feito na medicina. Estamos tentando entender o desenvolvimento das empresas, que nos dirá, muito antes que aconteça. Onde estavam os sinais de perigo. Isso significa que não podemos analisar só o fim da linha, temos que olhar o que veio antes. Entender quando uma companhia não tem inovação, entender quando a companhia não tem politicas de recursos humanos adequadas, que deveria ter desenvolvido a próxima geração de lideres, e assim em diante.
O declínio não acontece da noite para o dia, o declínio é um longo processo cancerígeno em que existem alguns indicativos . A ideia de entender esses sinais precocemente e analisá-los como uma espécie de ciclo é muito importante.
Nada pode ser previsto sem que se volte no tempo e destaque o fato. Os executivos inteligentes sempre tem um senso de história para entender o futuro, e sempre estão olhando o desenvolvimento das pessoas ao longo do tempo, o desenvolvimento de sua organização ao longo do tempo, o desenvolvimento do mercado ao longo do tempo.
Do contrario nunca poderíamos prever nada, não podemos só sentar e especular sobre o futuro, só podemos entendê-lo como um processo.
O declínio é muito pernicioso, mas ele começa em algum lugar, muitas vezes antes que possamos enxergá-lo, por isso temos que descobri-lo.

Sobre Derek Abell:

International Dean da HSM Educação. Professor e Associate Dean de Harvard Business School entre 1969 e 1981. Dean do IMEDE por 8 anos, instituição predecessora do IMD (Lausanne). Presidente-fundador do ESMT - European School of Management (Berlin). Doutor honorário pela State University of Management de Moscow pelo seu comprometimento em estabelecer e desenvolver escolas de negócios no Leste Europeu. Consultor da ONU, países da Europa e de empresas globais. Conselheiro do Central and East European Management Development Association (CEEMAN) e do European Foundation for Management Development (EFMD). Um dos precursores da "Estratégia Corporativa" e autor de algumas das principais obras no gênero como Defining the Business: The Starting Point Of Strategic Planning. Mestre pelo MIT e Doutor pela Harvard Business School.

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